火曜日, 6月 06, 2006

Entrevista - Serviço do Kagura - Parte III

© Doyusha
Da esq.: Yoshikazu Nakayama, Toshihiko Iburi, Matsutaro Komatsu, Tomohiro Itakura e Masanobu Nakayama.


CONTINUAÇÃO...

"Numa época em que a Sede tentava expor ao mundo a sua posição em relação a criação da humanidade, foi publicada em 1980, a revista Tenri IV. Em uma das matérias, há uma entrevista com alguns membros do Pessoal do Serviço. Numa conversa descontraída e direta, os Ministros da Sede relatam como é executar o Serviço que representa o início da humanidade."

O Pessoal do Serviço (Tsutome ninju*)
PARTE I

Pergunta: Hoje, estamos tendo a honra de ter a presença de alguns membros do Pessoal do Serviço e gostaríamos de conversar sobre vários assuntos. Primeiramente, os senhores poderiam nos relatar o que sentem no momento da execução do Serviço de Kagura?

Itakura: Eu vim para ouvir o que vocês vão dizer. (risos) Pois é, nós nunca conversamos sobre esse assunto. Nunca perguntei: 'Ei, o que você sente na hora que está executanto o Serviço?' Acho que mesmo perguntando, ninguém responderia...

Yoshikazu Nakayama: O momento é o momento. Quando encerramos a execução e damos conta de si, não tem como expressar o que sentimos naquela hora.

Itakura: Na verdade, não temos tempo para ficar pensando muito à respeito. Fico me concentrando em não errar os movimentos dos pés e das mãos. Fico sobrecarregado em não errar o meu papel no Serviço. É, é muito gratificante e emocionante, sem dúvida. Por outro lado fico pensando: Olha onde eu estou! (risos). Bem, acredito que a preocupação em não errar seja o principal para mim.

Iburi: Eu também. Só penso em não errar.

Itakura: A partir do momento que entramos na área que circunda Jiba, ficamos "vazios" por dentro. Lógico que sentimos algo, mas acredito que todos se concentram em estarem totalmente "vazios" espiritualmente e, sobretudo, não errar os movimentos.

Iburi: No meu caso, treino um dia antes, quando sou escalado para o Serviço. É, não podemos errar. Temos que ser responsáveis em nossa função e, por esse fato que faço questão em treinar uma vez que seja. É muita tensão.

Itakura: Tomar banho faz a gente se refrescar de um certo modo, mas não conseguimos lavar e relaxar o espírito...todos estão muito concentrados com os movimentos.

Concentrando-se para estar puro

Yoshikazu Nakayama: Se formos pensar na razão divina, não podemos errar a nossa função na reconstituição do ato em que os seres humanos foram criados. Se pensarmos racionalmente, é fácil, mas naquele momento, temos que nos concentrar em não pensar em absolutamente em nada. Não é a representação da grandeza do momento da criação da humanidade. Na realidade, são gestos instrospectivos, de nosso interior. Temos que estar absolutamente "puros".

Massanobu Nakayama: Não podemos errar em absoluto. Estamos todos concentrados em executar os movimentos que são ensinados para nós. Não penso mais em nada.

Itakura: Fico tão nervoso que não tenho tempo para ficar pensando nos outros no momento que entro naquele quadrilátero. (risos)

Komatsu: A partir do momento que coloco a máscara, esqueço quem sou eu e executo para corresponder a razão da minha função. É de primeira importância. Se vacilarmos, a execução fica comprometida, por isso é um momento muito delicado.

Yoshikazu Nakayama: O Serviço Mensal é o dia mais tenso do mês. Não é a primeira vez, é mensal. É certo que estou acostumado, mas só o fato do Serviço ter-se encerrado magnificamente e sem contratempos, é um alívio muito grande. Na realidade, dias antes, tudo é muito desgastante. Não é pela execução em si, é a responsabilidade em corresponder a função.

O Pessoal do Serviço executam os movimentos ao redor do Kanrodai (Pedestal do Néctar)

PARTE II
Pergunta: Eu mesmo já tive a impressão de vê-los com semblante de alívio quando encerra-se a execução do Serviço...

Itakura: Não é só impressão...é isso mesmo. Ficamos aliviados.

Yoshikazu Nakayama: A situação de quando coloco a máscara e depois que tiro é bem diferente.

Komatsu: A primeira vez que participei do Serviço foi na Festa Natalícia de Oyassama de 1960 (18 de abril de 1960), quando eu estava com 70 anos de idade. Você deve me entender. Foi a primeira vez, por isso, estava muito emocionado e nervoso. Estava bastante concentrado também.

Rev. Iburi tem alguma lembrança em especial dos Serviços executados até então?

Iburi: A primeira vez que executei o Serviço, foi quando o então rev. Komatsu era o Diretor-Geral de Assuntos Religiosos e rev. Itakura (ambos presentes na entrevista) me ensinaram os gestos do Serviço. Eu sou míope, então tenho que tirar os óculos para colocar a máscara. Fiquei muito nervoso, com medo de errar, mas é grande a força de Deus naquele momento. Também tem o Serviço do Parto Feliz que executamos à noite e no escuro. Esse Serviço em especial fico muito aliviado quando tudo termina.

Komatsu: Cada qual tem uma função a executar. Por exemplo: os movimentos do Tsukiyomi tem que ter vigor e força, enquanto do Kashikone deve ser leve como uma brisa, então, assim sendo não podemos errar os movimentos dessas providências. Se errarmos, acabamos por subjulgar a importância dessa razão, e não por menos que ficamos tão nervosos.

Yoshikazu Nakayama: Somos orientados de que errar o movimento pode comprometer as nossas próprias vidas. Sem ficar pensando em que seremos criticados por errar esse ou outro movimento, mas na realidade devemos refletir que simplesmente tudo será comprometido, não ficarmos preocupados com os problemas particulares. Aí que está a importância do nervosismo. É lógico que seria pretensão minha ficar refletindo a respeito dessa razão a todo o momento, mas pelo menos na hora da execução é fundamental.

PARTE III

A tensão às vésperas do Serviço...

Pergunta: Ouvi falar que há um ritual de purificação antes de executar o Serviço de Kagura. Existe alguma cerimonial em especial?

Iburi: Não há nada em específico a ser realizado. No meu caso, tomo um banho para purificar o meu corpo. O sentido desse Serviço é bem diferente dos rituais que são realizados nos templos comuns.

Itakura: Se for criada uma regra, certamente alguém vai violá-la...(risos)

Yoshikazu Nakayama: Tomar um banho de manhã, momentos antes do Serviço, é um modo de deixar o seu corpo limpo e fresco. Outra maneira, é deixar tomado banho na noite anterior, antes de se deitar. No meu caso, se eu sei que não vou ter tempo para tomar banho no dia, já deixo feito na noite anterior. A minha mãe por exemplo (que viveu até os 89 anos de idade) trocava todas as peças de seu vestuário íntimo no dia do Serviço.

Itakura: Minha mãe separava tudo. O vestuário para entrar naquela área é à parte.

Yoshikazu Nakayama: A minha mãe tinha roupas separadas especialmente para o Serviço. Até as peças íntimas eram especiais...

Itakura: Nesse ponto, as mulheres são perfeccionistas...

Massanobu Nakayama: Lembro que a minha avó já preparava o penteado no dia antes...

Yoshikazu Nakayama: A nossa avó foi orientada diretamente pela sra. Tamae (neta de Oyassama e esposa do Shimbashira I). Parece que a sra. Tamae era uma pessoa extremamente exigente. Se compararmos nós com as pessoas daquela época, estamos tranqüilos demais...

Tsutome-ninju*: ou Pessoal do Serviço. São membros que executam o Serviço do Kagura e das Mãos na Sede. Os executantes do Serviço do Kagura são escolhidos pelo Shimbashira dentre os Ministros (Hombuin) e Senhoras da Sede (Hombu-fujin).