"O especial "Lembranças" volta com fotos coloridas e exclusivas dos locais em que Oyassama viveu até o momento de seu ocultamento físico."
Lembranças de minha mãe aos 11 anos de idade
O seu pai (Shimbashira I), Hissa** e Massa*** ficavam o dia inteiro ao lado dela cuidando-a diretamente. Quando surgia algum imprevisto ou quando se realizavam reuniões, alguém do lado de fora chamava: 'Com licença, sr. Nakayama'. E assim, o seu pai se levantava e saía do quarto.
Após o fechamento do fusuma, a entrada e saída das pessoas passou a ser realizado na parte voltada ao norte do quarto. Como eu ainda era criança, ninguém me dava atenção, mas como ficava impaciente com o estado da vovó (Oyassama), ia espionar pela fresta da porta e o seu pai e Hissa me chamavam sempre a atenção.
Como o travesseiro em que a vovó estava dormindo estava voltado para o norte, crianças não podiam chegar perto para não importuná-la. Acho que por isso sempre me chamavam a atenção. Hissa e Massa ficavam ao lado leste, sempre massageando os pés e as costas dela. O seu pai ficava no lado oeste e, de vez em quando fazia massagem nos ombros..."
PARTE III
"Acho que foi em meados de dezembro...não me lembro ao certo, mas as pessoas comentavam que a vovó (Oyassama) não estava se alimentando direito. Preocupados com essa situação, realizavam deliberações todas as noites (...)"
"Foi exatamente no dia 26 de janeiro, quando estava no 'quarto de 8 tatames' e repentinamente o seu pai (Shimbashira I) disse para mim: 'Você também vai executar o Serviço!' Então, toquei o koto. Não me lembro quem e qual o instrumento cada um tocou. Será que seu pai deixou registrado em algum lugar? (pensativa) Lembro também que o ser. Umetani e mais alguém não puderam participar do Serviço. Hissa** e Omassa*** ficaram o tempo todo junto com a vovó. Ainda nessa época, o Serviço era executado na parte de fora, onde se encontra o Kanrodai. A Dança da Mãos era realizada do sul virada para o norte (como atualmente). Eu estava sentada na parte oeste tocando o koto, mas não me lembro bem a respeito. Seu pai estava com a firme decisão: 'Qualquer que seja a situação, concentrem-se somente no espírito!' Respeitando essa ordem, todos se prepararam para o Serviço. Como eu era criança, usei um quimono vermelho e acompanhei a Yoshie (Iburi)."
Pelos registros das Indicações Divinas (Ossashizu), participaram 19 pessoas no Serviço de Kagura e Dança das Mãos, acompanhados somente por koto, shamissen e kotuzumi.
FINAL
"Com o término do Serviço, fui levada pela Yoshie (Iburi) até o altar para reverenciarmos. Nesse momento, comentei com ela se a vovó já tinha almoçado. E ela respondeu que provavelmente sim. Depois, Yoshie me levou até o 'quarto de 8 tatames' e foi embora. Estranhei que não havia ninguém e, como sempre, dei a volta pelo corredor para espiar o que estava acontecendo no quarto da vovó. Todos acreditavam na melhora da saúde de Oyassama, após a realização do Serviço. Certamente, ela abriria o 'portal' e todos estavam com o espírito alegre.
Espiando pela fresta da porta, o seu pai já estava lá e com o rosto vermelho disse em voz alta: 'Prima, pode entrar!' Fiquei assustada. Como poderia falar tão alto, se a vovó ainda estava descansando. Nunca que iria imaginar que ela tivesse descansado para sempre.
Hissa disse: 'Prima, olha como a vovó está...'
Puxou a minha mão de encontro com o rosto de vovó, mas mesmo assim eu não estava acreditando naquela cena...
Ela estava fria...
Não pude conter o meu choro. Lembro-me que seu pai disse para eu não chorar. Ele se levantou: 'Vou avisar à todos. Não saia de perto da vovó!' Nesse momento Hissa estava junto comigo.
Desculpe, não consigo mais comentar mais detalhes sobre esse momento."
Fonte: Dados de Referência da Vida de Oyassama
© Doyusha
Uma rara imagem colorida dos "quartos de 8 e 4 tatames", onde Oyassama viveu fisicamente entre 1883 e 1887
© Depto. de Missões Exteriores
Planta da Casa Repouso de Oyassama
"O acabamento interno da Casa Repouso de Oyasama foi concluído no outono desse ano. Era uma casa de cerca de 5,50 por 7,30 metros, com dois quartos, um de quatro tatames e outro de oito. Oyassama, conforme a indicação de Deus-Parens, esperou a chegada do momento oportuno e, na noite de 25 de novembro (26 de outubro no c.1.), transferiu-se da Casa-Portão Sul para a Casa Repouso recém-construída. À tarde desse dia, ela terminou de jantar, trocou as vestes e esperou serenamente a chegada do momento. Afinal, o ministro foi avisá-la de que tudo estava pronto. No quintal, os devotos que vieram recebê-la, estavam esperando enfileirados à margem da sua passagem com lanternas acesas às mãos. Entretanto, Oyassama continuou sentada ainda serenamente no estrado, dizendo somente: 'Sim? Tudo está pronto? Vou me transferir quando chegar o momento.' Tudo estava preparado e as pessoas esperavam ansiosas. Mas, ela permanecia pacientemente esperando a chegada do momento. Do ponto de vista humano, podia-se pensar que tudo terminaria mais cedo caso ela se transferisse imediatamente, porém, tratava-se de Oyassama, que não desviava a atenção da vontade de Deus-Parens, mesmo diante de qualquer circunstância. Nessa sua atitude pode-se rememorar vivamente a sua imagem como Sacrário de Tsukihi. Assim, o tempo foi passando e já eram altas horas da noite, quando ela disse à neta Tamae:'Bem! Chegou o momento, mudemos. Vem Tama-sam.' Em ambos os lados da sua passagem, os seguidores superlotavam o jardim ansiosos a sua espera, com as lanternas de papel acesas, nas quais estavam impressos os nomes das respectivas irmandades: Turma Shinmei, Turma Meishin e outros. Banhada pelas luzes tremulantes das lanternas que iluminavam de ambos os lados a sua passagem, Oyassama, então, com 86 anos de idade, avançou silenciosamente entre a multidão, conduzindo numa das mãos Tamae, neta direta de sete anos de idade, que era conduzida na outra mão por Hissa Kajimoto, também, neta. À medida que avançava, levantava-se e ressoava seguidamente o som das batidas das palmas das duas paredes humanas ali formadas. Muitos anos depois, Tamae reportou suas impressões, dizendo: 'Naquela ocasião, embora não entendesse a razão do que acontecia, acompanhei a minha avó conduzida pela mão. Pensando agora, embora fosse uma distância tão curta, naquela noite pareceu-me um trajeto muito longo.' Finalmente, Oyassama que chegara à Casa de Repouso, sentou-se silenciosamente no quarto estradado, chamou Shinnossuke e Tamae e fez sentarem um de cada lado, dizendo:'Venham e sentem-se aqui.' Logo depois, iniciaram-se as saudações a Oyassama. O ministro abria e fechava a porta corrediça, a cada vez que os visitantes se apresentavam, anunciando o nome das irmandades como das turmas Shinmei e Meishin. As apresentações continuaram uma após outra, com o ministro, durante a noite toda. A Casa de Repouso era uma construção na qual os devotos haviam concentrado todo o coração. Assim, encontrar-se pessoalmente com Oyassama, que nela entrara pela primeira vez, recém-transferida após esperar tanto até o momento determinado, fazia inflamar nos seus corações uma grande emoção apesar do frio dessa noite de geada."
fonte: Vida de Oyassama - Minuta